Denúncia: Stone Pagamentos

DENÚNCIA: Demissão em massa na Stone Pagamentos. 1300 pessoas sem emprego da noite para o dia.

Seguindo a infeliz tendência que tomou o setor de serviços, a Stone Pagamentos realizou nessa última terça-feira 12/05 a demissão de 1300 pessoas: a maior demissão até o momento no setor de tecnologia que tivemos notícia. Segundo o portal Infomoney o número representa 20% de todo o quadro de funcionários da empresa.

Num processo controverso, sumário e mal justificado, os trabalhadores foram surpreendidos pela manhã com uma teleconferência que anunciava suas próprias demissões. As justificativas fornecidas pelo CEO da Stone, em carta direcionada aos seus clientes (não aos próprios funcionários), incluem excesso de pessoal acima do necessário para funcionamento durante a pandemia.

Considerada um unicórnio brasileiro (nome dado a startups que chegam ao valor de mercado de 1 bilhão de dólares ou mais antes de abrirem capital), a Stone foi fundada em 2012 e já teve seu valor de mercado avaliado como próximo ao da Cielo no mercado brasileiro de meios de pagamento e maquininhas de cartões.

Em março de 2020 seu lucro líquido reportado foi de R$ 804,2 milhões, seus co-fundadores são bilionários conhecidos e a empresa, ao contrário do que alega, não demonstra estar com reais dificuldades financeiras [1][2]. Do contrário não estaria anunciando também 30 milhões em incentivos financeiros e 100 milhões em microcrédito para seus clientes [3]. A empresa e seus controladores tem, portanto, plenas condições de manter o emprego dos seus funcionários nesse momento. Se não o faz é por escolha deliberada.

Sabemos como é o ritmo de trabalho em startups em geral. Com folha bem reduzida, muita pressão por resultados, assédios da gerência, tentativas sucessivas de cooptar os funcionários para a forma de pensar do empresário e jornadas extensas, o quadro se torna dramático para todos: para quem sai a incerteza de recolocação em novo emprego; para quem fica acúmulo de funções e o receio de ser o próximo.

Vítimas do planejamento irresponsável dessas empresas, os trabalhadores ficam a mercê do redimensionamento agressivo do quadro de funcionários. Esse caso não foi diferente do que temos observado inclusive antes da pandemia: alguns dos demitidos relataram de forma pública que mal conseguiram completar 3 meses de empresa.

A Stone se aproveitou de maneira imoral do coronavírus para demitir e assim garantir seus lucros. Trata-se de mais uma manobra para jogar a responsabilidade pela crise econômica que se intensifica nas costas dos trabalhadores sob a desculpa da pandemia. Mal disfarçado com falso compromisso social, o gesto reflete a postura da empresa em que o lucro está acima da vida das pessoas.

Como forma de atenuar o absurdo, a empresa se dispôs a manter alguns dos benefícios por quatros meses, a doar computadores e celulares corporativos aos demitidos e oferecer licenças Premium no LinkedIn para facilitar sua realocação. Se esqueceram no entanto que auxílio não é renda, que LinkedIn Premium não é salário e que computador não é janta.

O Infoproletários é um espaço de organização dos trabalhadores de tecnologia e um canal de solidariedade. Nesse momento é fundamental denunciar e expor as atitudes dos empresários que colocam os lucros acima da vida. Compartilhe suas dificuldades com o Infoproletários em nosso canal de denúncias, o InfoRelatos, em nossa página no Facebook, ou mandem mensagens também para nosso email infoproletarios@gmail.com. Acompanhem também nosso canal do Telegram e no Twitter.


Fontes:

  1. https://valor.globo.com/financas/noticia/2020/03/02/lucro-da-stone-cresce-1635percent-em-2019.ghtml
  2. https://exame.abril.com.br/negocios/stone-tem-lucro-liquido-111-maior-no-3o-trimestre/
  3. https://cuidedopequenonegocio.com.br/sobre-o-movimento