Vivemos um momento em que a sociedade deveria estar focada em preservar a vida dos trabalhadores e seus familiares no combate ao COVID-19. No entanto, a lógica do lucro impera e os proprietários das empresas descartam os trabalhadores para manter seu capital.
Como denunciado pelo Infoproletários, esse foi o caso da Stone Pagamentos. No dia 15 de maio de 2020, a empresa demitiu 1.300 trabalhadores por vídeo-conferência , no que virou um dia trágico para o setor de tecnologia. A justificativa do corte foi de ajuste de pessoal para o contexto da pandemia. Ou seja, manter o lucro enquanto a Stone deixa os trabalhadores a sua própria sorte.
Menos de duas semanas depois da demissão em massa, os multimilionários proprietários da Stone Pagamentos investiram e compraram a empresa Vitta, uma startup na área da saúde para gerenciamento financeiro e de consultas médicas.
Se não havia recursos para manter os trabalhadores, de onde saíram os recursos para a aquisição de outra empresa cujo valor de mercado já estava na casa dos milhões? A operação deixa claro que dinheiro não faltava, mas o lucro da empresa ficou acima da vida dos trabalhadores.
A startup Vitta já vinha angariando recursos com investidores de peso, como Andre Street, dono da Stone Pagamentos, e Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central do Brasil. Essa relação íntima entre as empresas e investidores explicita o mecanismo pelo qual os empresários largam os trabalhadores e investem neles mesmos.
A Vitta não foi a única aquisição da Stone Pagamentos. Além dela ocorreram investimentos, na mLabs, uma empresa de gerenciamento de redes sociais, na Delivery Much, uma plataforma de entrega de comida, e na MVarandas, uma empresa de tecnologia para serviços de alimentação.
Na carta que a Stone publicou ao anunciar as demissões, direcionada aos “empreendedores” do país (e não aos 1.300 trabalhadores demitidos), o CEO da empresa, Thiago Piau, afirmou estar contribuindo com a sociedade durante a pandemia. Diz ele que, apesar das demissões, a empresa oferecia incentivos financeiros aos seus clientes e as empresas dos setores mais afetados pela crise.
Essa posição defende um projeto de sociedade com a falsa ideia de que seria ajudando o empresário nós ajudaríamos os trabalhadores e o restante da população. Até o “benefício” do Linkedin Premium, oferecido aos 1.300 demitidos, aponta nesse sentido: aos trabalhadores, caberia conformar-se com a situação e buscar um novo emprego, que certamente viria quando a economia melhorar.
As recentes aquisições da Stone mostram que este discurso é demagogia. Está provado que a saúde financeira da empresa cresce o suficiente até para comprar outras.
Mas onde estão as prometidas vantagens para o restante da sociedade que viriam com isto? Por que, ao invés de surgirem empregos, ocorreram demissões? A lógica da busca incessante pelo lucro, levou os empresários multimilionários a colocar 1.300 trabalhadores na rua, para na sequência adquirir e investir em seus próprios negócios. Esse é um exemplo explícito de como a lógica capitalista é contra vida dos trabalhadores e favorece apenas aqueles que já são donos de tudo.
Já é hora de nós, trabalhadores, nos unirmos para combater essa lógica e defender nosso próprio projeto de sociedade. Uma sociedade na qual o trabalhador, que é o verdadeiro criador de valor e de riqueza, seja respeitado e não descartado em nome do lucro das empresas. Para isso, devemos criar espaços de solidariedade e fortalecimento dos nossos direitos e de nossas vidas.
O Infoproletários é um espaço de organização dos trabalhadores de tecnologia e um canal de solidariedade. Nesse momento é fundamental denunciar e expor as atitudes dos empresários que colocam os lucros acima da vida. Compartilhe suas dificuldades com o Infoproletários em nosso canal de denúncias, o InfoRelatos, em nossa página no Facebook, ou mandem mensagens também para nosso email infoproletarios@gmail.com. Acompanhem também nosso canal do Telegram e no Twitter.