Startups e demissões em massa: uma história que se repete

É comum vermos nas revistas de negócios, ou mesmo em matérias jornalísticas para o público em geral, o “case de sucesso” de uma startup. Uma pequena empresa de garagem, fundada por jovens empreendedores, rapidamente passa a valer milhões, como em um passe de mágica. Os motivos do sucesso seriam a visão dos fundadores, a soluções inovadoras que fornecem aos clientes e as modernas práticas de gestão de pessoas. O ambiente da empresa, com chopeira e mesa de sinuca, era o paraíso do trabalhador. E tudo isso teria sido possível graças, não a Deus, mas aos “anjos”: investidores bilionários que acreditaram no “sonho”.

Por outro lado, vemos várias notícias de startups que recebem investimentos milionários e efetuam contratações, mas, logo em seguida, demitem em massa seus “colaboradores”. A justificativa para isso é sempre um imprevisto que deixa a empresa em dificuldades financeiras. Isto se tornou mais comum durante a pandemia de COVID-19 (como no caso da Gympass, da GetNinjas, da Stone Pagamentos e da Involves). Porém, tal situação não era inédita, como mostramos no caso da Resultados Digitais.

Trabalhadores e patrões estão no mesmo barco?

Embora os CEOs de startups que praticaram demissões em massa não cansem de escrever comoventes relatos narrando o quão doloroso é ter que demitir pessoas incríveis e que tanto contribuíram com a empresa, é evidente que o principal prejudicado nesta situação é o trabalhador.

Afinal, a diretoria da empresa continua recebendo valores acima de 20 mil reais e mantendo alto padrão de vida. Os fundos de investimento bilionários, que brincam de loteria investindo em startups, não se incomodam com alguns milhões de dólares de prejuízo.

Já os trabalhadores, que dedicaram tantas horas extras no conhecido ritmo acelerado de trabalho das startups, veem seus esforços serem recompensados com o desemprego. Por mais preparados que estes profissionais estejam, procurar emprego é sempre uma incerteza, ainda mais em um mercado cada vez mais saturado de profissionais qualificados.

A narrativa empresarial sobre este tipo de demissão em massa é a do líder que, frente a uma fatalidade, deve tomar uma decisão difícil. Relatos repletos de sentimentalismo descrevem as várias políticas de redução de danos aplicadas pela empresa antes das demissões, mas que não surtiram efeito, restando apenas os desligamentos em massa como alternativa.

Tais relatos costumam ser bem recebidos, com CEOs e “líderes” sendo elogiados pela transparência e humanidade ao lidar com a situação. Mas será que as demissões em massa seriam realmente uma tragédia inevitável?

O mito do fatalismo das demissões

De fato, é muito difícil prever quando uma empresa irá passar por dificuldades. Afinal, o mercado é imprevisível e assolado por crises cíclicas. O cancelamento de um contrato de um cliente importante, a chegada de um novo player no mercado, o estouro de uma bolha financeira nos Estados Unidos, o surto de uma doença incurável ou qualquer outro fenômeno pode causar oscilações de mercado que prejudicam a saúde financeira de uma empresa.

Entretanto, é possível que empresas adotem medidas para manter empregos em tempos difíceis. Por exemplo, uma startup poderia guardar no caixa uma parte dos aportes financeiros milionários que recebe, usando-o para evitar demissões. Porém, não é isto o que acontece, já que os investidores querem que os milhões que injetaram na empresa se tornem bilhões. Empresas existem para dar lucro a seus donos, e, por isso, o auxílio aos trabalhadores fica sempre em segundo plano.

E se, individualmente, as startups agem com descaso ao trabalhador, coletivamente é ainda pior, de modo que o setor empresarial exige dos governos medidas que protejam seus lucros fazendo o trabalhador pagar pela crise.

Isso ficou evidente no período da pandemia do COVID-19, no qual empresas e organizações empresariais brasileiras, ao invés de defenderem políticas de Estado que visassem a preservação do emprego, do salário e da saúde do trabalhador, pressionaram os governos não só para a reabertura do comércio (ignorando as recomendações de organizações de saúde) como também para a aprovação de leis que permitissem redução salarial e de direitos durante a pandemia, como a Medida Provisória 936 de 2020.

Precisamos defender nossos empregos!

Os trabalhadores em startups não podem mais aceitar que seus empregos fiquem à mercê das intempéries do mercado e da boa vontade dos CEOs. Se é verdade que acionistas, CEOs e trabalhadores “estão no mesmo barco” em situações de crise, então não é justo que o trabalhador perca o emprego enquanto os empresários continuam ricos.

É necessário exigir das empresas e do Estado que adotem políticas que preservem empregos, salários e direitos nos momentos em que as empresas passam por dificuldades financeiras. Categorias com tradição de organização sindical, como os metalúrgicos, organizam greves e manifestações ao primeiro sinal de demissão em massa, e conseguem assim manter seus postos de trabalho. Nós, trabalhadores da área de tecnologia, podemos fazer o mesmo, e o Infoproletários se coloca à disposição para ajudar nesta luta.

Rotatividade no Setor de Tecnologia: uma forma de reduzir salários

A rotatividade da força de trabalho é um dos dados importantes para o mercado de trabalho. Ao se atentar para o ritmo de contratação e demissão realizadas pelos empresários, a análise da rotatividade revela a dinâmica da vida do trabalhador. O setor de tecnologia da informação tem uma das mais altas taxa de rotatividade em comparação com outros setores. Isso significa que o trabalhador da área de tecnologia está constantemente vivenciando novos processos de seleção e contratação, nova equipe, novo salários e atividades.

Há varias razões para que isso ocorra. As mais destacadas pelos empresários estão relacionadas as particularidades do setor: uma força de trabalho jovem que está constantemente em busca de novas experiências; a velocidade das mudanças das tecnologias e a necessidade de encontrar novas equipes que dão conta dessas inovações; o ritmo acelerado dos projetos que levam a desgastes da força de trabalho e necessidade de demissões e recontratações.

Certamente, todos esses fatores contam para o setor de tecnologia bater recordes de rotatividade. No entanto, há um fator fundamental que os empresários não falam: o uso da rotatividade como uma  forma sistemática de reduzir salários. Isto é, demitir uma equipe inteira que passou a receber salários maiores, e contratar uma nova equipe com salários menores. Esse é o fator determinante para a alta rotatividade do setor.

A experiência de vida dos trabalhadores de T.I. revela esse processo. Basta conversar com os colegas de trabalho sobre as experiências de chegar numa nova equipe recebendo menos que os trabalhadores que foram demitidos e ter que fazer o mesmo serviço ou mais ainda. As novas contratações vem sempre cercadas de maior pressão para fazer mais com menos trabalhadores, recebendo menos salários.

Em estudo bastante preciso sobre a rotatividade dos trabalhadores no Brasil, o DIEESE, revela esse mecanismo dos empresários: “É expressiva, neste sentido, a constatação da perda salarial, seja em caso de retorno para o mesmo setor, ou seja para outro segmento

da atividade econômica, em todos os anos analisados no estudo, considerando os

trabalhadores desligados sem justa causa, motivo de desligamento tipicamente patronal e quantitativamente o principal tipo de desligamento praticado no “ajuste da mão de obra” no mercado de trabalho do Brasil, responsável por mais de 50,0% dos desligamentos no período analisado.”


 Recentemente o setor de tecnologia viveu uma leva de demissões em massa e retirada de direitos dos trabalhadores, sobretudo de empresas multinacionais. O Inforproletários denunciou essas medidas em diversas empresas, como a GetNinjas, Stone, GymPass, entre outras. Para o trabalhador ficou claro que o lucro das empresas foi colocado acima de sua vida e a vida de seus familiares. Sobretudo no contexto da pandemia do COVID-19.

Passado essas demissões e retiradas de direitos, hoje essas mesmas empresas anunciam que estão em fase de expansão e contratando. O mecanismo perverso da rotatividade não para mesmo na pandemia, apenas confirmando que para os empresários a vida do trabalhador é apenas um número no seu cálculo incessante para a busco de mais lucros.
 

Mais uma vez, todo o discurso empresarial de responsabilidade social e melhores relações de trabalho revela-se pura hipocrisia. Quando precisa escolher entre manter os empregos dos trabalhadores ou garantir o lucro dos acionistas, as empresas não hesitam em jogar os trabalhadores à própria sorte.O Infoproletários é um espaço de organização dos trabalhadores de tecnologia e um canal de solidariedade. Nesse momento é fundamental denunciar e expor as atitudes dos empresários que colocam os lucros acima da vida. Compartilhe suas dificuldades com o Infoproletários em nossa página https://facebook.com/infoproletarios, e mandem mensagens também para nosso email infoproletarios@gmail.com.

Stone Pagamentos: Um Exemplo De Crueldade

Vivemos um momento em que a sociedade deveria estar focada em preservar a vida dos trabalhadores e seus familiares no combate ao COVID-19. No entanto, a lógica do lucro impera e os proprietários das empresas descartam os trabalhadores para manter seu capital.
 
 Como denunciado pelo Infoproletários, esse foi o caso da Stone Pagamentos. No dia 15 de maio de 2020, a empresa demitiu 1.300 trabalhadores por vídeo-conferência , no que virou um dia trágico para o setor de tecnologia. A justificativa do corte foi de ajuste de pessoal para o contexto da pandemia. Ou seja, manter o lucro enquanto a Stone deixa os trabalhadores a sua própria sorte.

Menos de duas semanas depois da demissão em massa, os multimilionários proprietários da Stone Pagamentos investiram e compraram a empresa Vitta, uma startup na área da saúde para gerenciamento financeiro e de consultas médicas.

Se não havia recursos para manter os trabalhadores, de onde saíram os recursos para a aquisição de outra empresa cujo valor de mercado já estava na casa dos milhões? A operação deixa claro que dinheiro não faltava, mas o lucro da empresa ficou acima da vida dos trabalhadores.

A startup Vitta já vinha angariando recursos com investidores de peso, como Andre Street, dono da Stone Pagamentos, e Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central do Brasil. Essa relação íntima entre as empresas e investidores explicita o mecanismo pelo qual os empresários largam os trabalhadores e investem neles mesmos.

A Vitta não foi a única aquisição da Stone Pagamentos. Além dela ocorreram investimentos, na mLabs, uma empresa  de gerenciamento de redes sociais, na Delivery Much, uma plataforma de  entrega de comida, e na MVarandas, uma empresa de tecnologia para serviços de alimentação.

Na carta que a Stone publicou ao anunciar as demissões, direcionada aos “empreendedores” do país (e não aos 1.300 trabalhadores demitidos), o CEO da empresa, Thiago Piau, afirmou estar contribuindo com a sociedade durante a pandemia. Diz ele que, apesar das demissões, a empresa oferecia incentivos financeiros aos seus clientes e as empresas dos setores mais afetados pela crise.

Essa posição defende um projeto de sociedade com a falsa ideia de que seria ajudando o empresário nós ajudaríamos os trabalhadores e o restante da população. Até o “benefício” do Linkedin Premium, oferecido aos 1.300 demitidos, aponta nesse sentido: aos trabalhadores, caberia conformar-se com a situação e buscar um novo emprego, que certamente viria quando a economia melhorar.

As recentes aquisições da Stone mostram que este discurso é demagogia. Está provado que a saúde financeira da  empresa cresce o suficiente até para comprar outras.

Mas onde estão as prometidas vantagens para o restante da sociedade que viriam com isto? Por que, ao  invés de surgirem empregos, ocorreram demissões? A lógica da busca incessante pelo lucro, levou os empresários multimilionários a colocar 1.300 trabalhadores na rua, para na sequência adquirir e investir em seus próprios negócios. Esse é um exemplo explícito de como a lógica capitalista é contra vida dos trabalhadores e favorece apenas aqueles que já são donos de tudo.

Já é hora de nós, trabalhadores, nos unirmos para combater essa lógica e defender nosso próprio projeto de sociedade. Uma sociedade na qual o trabalhador, que é o verdadeiro criador de valor e de riqueza, seja respeitado e não descartado em nome do lucro das empresas. Para isso, devemos criar espaços de solidariedade e fortalecimento dos nossos direitos e de nossas vidas.

O Infoproletários é um espaço de organização dos trabalhadores de tecnologia e um canal de solidariedade. Nesse momento é fundamental denunciar e expor as atitudes dos empresários que colocam os lucros acima da vida. Compartilhe suas dificuldades com o Infoproletários em nosso canal de denúncias, o InfoRelatos, em nossa página no Facebook, ou mandem mensagens também para nosso email infoproletarios@gmail.com. Acompanhem também nosso canal do Telegram e no Twitter.

LIVE: Pandemia e Trabalhadores de TI

QUANDO:
Quarta-feira, 20/05 das 19:30 às 20:30

O Infoproletários convida a todos para refletir sobre a pandemia e os trabalhadores de tecnologia.
Qual a gravidade e intensidade da pandemia? Quais seus efeitos econômicos e sociais? Como isso afeta os trabalhadores, em especial, no setor de tecnologia?

Já estamos vivendo demissões em massa, aumento da carga de trabalho para quem fica, precarização dos salários e benefícios, perda de direitos trabalhistas, homeoffice generalizado, entre tantos. Como podemos nos organizar nesse momento e lutar por nossos direitos, nossa vida e a vida de nossos familiares?

Marque a data na agenda, prepare um lugar aconchegante para assistir e compartilhe com os conhecidos.

Juntos nós somos mais fortes!

DENÚNCIA: Demissão em massa na Stone Pagamentos. 1300 pessoas sem emprego da noite para o dia.

Seguindo a infeliz tendência que tomou o setor de serviços, a Stone Pagamentos realizou nessa última terça-feira 12/05 a demissão de 1300 pessoas: a maior demissão até o momento no setor de tecnologia que tivemos notícia. Segundo o portal Infomoney o número representa 20% de todo o quadro de funcionários da empresa.

Num processo controverso, sumário e mal justificado, os trabalhadores foram surpreendidos pela manhã com uma teleconferência que anunciava suas próprias demissões. As justificativas fornecidas pelo CEO da Stone, em carta direcionada aos seus clientes (não aos próprios funcionários), incluem excesso de pessoal acima do necessário para funcionamento durante a pandemia.

Considerada um unicórnio brasileiro (nome dado a startups que chegam ao valor de mercado de 1 bilhão de dólares ou mais antes de abrirem capital), a Stone foi fundada em 2012 e já teve seu valor de mercado avaliado como próximo ao da Cielo no mercado brasileiro de meios de pagamento e maquininhas de cartões.

Em março de 2020 seu lucro líquido reportado foi de R$ 804,2 milhões, seus co-fundadores são bilionários conhecidos e a empresa, ao contrário do que alega, não demonstra estar com reais dificuldades financeiras [1][2]. Do contrário não estaria anunciando também 30 milhões em incentivos financeiros e 100 milhões em microcrédito para seus clientes [3]. A empresa e seus controladores tem, portanto, plenas condições de manter o emprego dos seus funcionários nesse momento. Se não o faz é por escolha deliberada.

Sabemos como é o ritmo de trabalho em startups em geral. Com folha bem reduzida, muita pressão por resultados, assédios da gerência, tentativas sucessivas de cooptar os funcionários para a forma de pensar do empresário e jornadas extensas, o quadro se torna dramático para todos: para quem sai a incerteza de recolocação em novo emprego; para quem fica acúmulo de funções e o receio de ser o próximo.

Vítimas do planejamento irresponsável dessas empresas, os trabalhadores ficam a mercê do redimensionamento agressivo do quadro de funcionários. Esse caso não foi diferente do que temos observado inclusive antes da pandemia: alguns dos demitidos relataram de forma pública que mal conseguiram completar 3 meses de empresa.

A Stone se aproveitou de maneira imoral do coronavírus para demitir e assim garantir seus lucros. Trata-se de mais uma manobra para jogar a responsabilidade pela crise econômica que se intensifica nas costas dos trabalhadores sob a desculpa da pandemia. Mal disfarçado com falso compromisso social, o gesto reflete a postura da empresa em que o lucro está acima da vida das pessoas.

Como forma de atenuar o absurdo, a empresa se dispôs a manter alguns dos benefícios por quatros meses, a doar computadores e celulares corporativos aos demitidos e oferecer licenças Premium no LinkedIn para facilitar sua realocação. Se esqueceram no entanto que auxílio não é renda, que LinkedIn Premium não é salário e que computador não é janta.

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Fontes:

  1. https://valor.globo.com/financas/noticia/2020/03/02/lucro-da-stone-cresce-1635percent-em-2019.ghtml
  2. https://exame.abril.com.br/negocios/stone-tem-lucro-liquido-111-maior-no-3o-trimestre/
  3. https://cuidedopequenonegocio.com.br/sobre-o-movimento

O que os sindicatos estão fazendo para ajudar o trabalhador de tecnologia em tempos de coronavírus?

Durante os últimos 2 meses, o Infoproletários vêm denunciando as medidas que governo e empresas adotam para, durante a crise do coronavírus, manter a saúde financeira das empresas às custas da saúde e dos direitos do trabalhador. Exemplo disto é a Medida Provisória 936 (MP 936), criada por Bolsonaro, que, conforme comentamos em postagem anterior, permite a redução de salários durante a pandemia.

Diante disso, gostaríamos de chamar atenção para o papel negativo que alguns sindicatos que representam trabalhadores da área de tecnologia vêm exercendo frente aos ataques que sofrem seus representados. O Sindicato dos Publicitários de São Paulo, por exemplo, que representa profissionais como UX Designers que trabalham em agências de publicidade, assinou um acordo com os patrões onde, sob a justificativa de “evitar desemprego”, abre mão do reajuste salarial anual dos trabalhadores, além de validar todos os ataques presentes nas MPs 927 e 936 de Bolsonaro. Já o Sindicato de Processamento de Dados de Santa Catarina, que representa quem trabalha em empresas de software, sob a justificativa da “manutenção de postos de trabalho”, propôs à seus representados um acordo que, além de estender os ataques da MP 936 aos trabalhadores das faixas salariais não abrangidas pela medida, ainda permite que as empresas parcelem o pagamento de verbas rescisórias devidas ao trabalhador quando este é demitido, ou seja, facilita as demissões ao invés de preveni-las, sendo que o trabalhador que vai ficar sem renda por causa da demissão ainda terá que esperar para receber as verbas rescisórias, o seu dinheiro. Em outras categorias profissionais, a situação chegou ao ponto de chamar atenção do Ministério Público do Trabalho, que conseguiu uma liminar contra vários sindicatos que haviam assinado acordos que retiravam direitos trabalhistas sem ao menos consultar seus representados.

Ao analisar os acordos propostos e as explicações apresentadas por tais sindicatos, percebe-se que eles aderem ao discurso empresarial de que a única forma de salvar as empresas e, portanto, os empregos, seria sangrando os trabalhadores. Aos sindicatos, então, restaria apresentar aos seus representados o mesmo dilema cruel que lhes apresentam os patrões: ou aceitam a perda de direitos, ou perderão seus empregos.

Mas, por que há sindicatos que adotam esta postura? Será que sacrificar o trabalhador seria a única saída para a crise? É o que veremos a seguir.

Quais alternativas o trabalhador têm frente à crise do coronavírus?

A crise do coronavírus, do ponto de vista econômico, é semelhante às outras crises que afligem o mercado de tempos em tempos, no sentido de que desestimulam os empresários a investir. Em tais situações, assim como agora, o empresariado é rápido em reagir à crise demitindo e cortando salários. Porém, há outras saídas a serem consideradas.

Uma alternativa é o próprio Estado, que hoje é sustentado pelos impostos dos produtos consumidos pelos trabalhadores, defender os empregos durante a crise, seja via incentivos fiscais, oferecendo crédito às empresas ou mesmo arcando com custos da folha de pagamento. A nacionalização de empresas para que estas cumpram sua função social e mantenham os empregos também não estão descartadas, como fez o governo dos EUA com a GM e a Chrysler quando estas estavam falindo. O Brasil têm recursos para adotar tais medidas, principalmente se considerarmos a possibilidade da taxação de grandes fortunas (afinal, porque os pobres teriam que pagar pela crise dos ricos?) e também o fim do desvio de dinheiro para pagamento da ilegal Dívida Pública, que, em 2019, abocanhou quase 40% do orçamento da União.

Outra alternativa seria o controle dos trabalhadores sobre a empresa, como fizeram os trabalhadores da empresa Flaskô em Sumaré, que ocuparam as fábricas da empresa quando esta estava à beira da falência e continuam tocando a empresa até hoje de forma autogerida, mantendo os empregos e a renda dos envolvidos no processo.

É papel dos sindicatos lutar por essas pautas?

Muitos poderiam argumentar que tais saídas para a crise, onde aparecem exigências ao Estado, estão fora da alçada dos sindicatos. Nada mais falso. Afinal, o movimento sindical desde sua origem entende que, para melhorar a vida do trabalhador, a luta contra os patrões deve estar em conjunto com a luta contra o Estado. A origem dos sindicatos, que nascem entre os operários ingleses do séc. XIX, se confunde com o surgimento do movimento cartista, que consistia em uma lista de exigências do povo (como sufrágio universal e fim do trabalho infantil) ao parlamento inglês.

Além disso, a única força social que teria poder para pressionar os políticos, em sua maioria servis aos empresários, a adotarem medidas a favor dos trabalhadores seria a força dos próprios trabalhadores organizados. Recentemente na história do país, tivemos um pequeno vislumbre deste poder durante a paralisação dos caminhoneiros, que obrigou o governo Temer a mudar algumas de suas políticas. Mas a real força da classe trabalhadora em movimento, o Brasil pôde ver em momentos anteriores da história, como nas greves dos metalúrgicos do ABC paulista na década de 80, que se alastraram país afora e culminaram no fim da ditadura militar e de sua política de arrochos, ou então na Greve Geral de 1917, que conquistou direitos para o trabalhador brasileiro que perduram até hoje. Uma categoria de trabalhadores importante como a dos trabalhadores da área de tecnologia, capaz de parar tudo, tanto a produção quanto serviços importantes, têm um grande potencial para mudar os rumos do país se for à luta

É possível lutar por essas pautas no presente momento?

Sabemos que, entre os trabalhadores da área de tecnologia do país, especialmente entre os que trabalham em empresas privadas, prevalece a velha ideologia da direita de que é possível prosperar cooperando com a empresa e sendo um trabalhador competente, de modo que poucos consideram a possibilidade de se organizarem enquanto trabalhadores para fazer frente ao avanço dos patrões sobre os direitos trabalhistas. Muitos sequer enxergam estes ataques das empresas como ataques. Entre estes trabalhadores, não haveria sequer disposição para se filiar em sindicatos ou para fazer greve, quanto mais para aderir a um movimento mais amplo por direitos ou uma ocupação de fábrica.

Hoje, isto pode ser verdade. Mas não precisará continuar sendo verdade amanhã. Enquanto o trabalhador ainda não têm forças para resistir à perda de direitos que lhes é imposta, a melhor alternativa pode ser a de assinar um acordo “menos pior”, onde se percam poucos direitos. Entretanto, é dever do sindicato, que (supostamente) é composto pelos trabalhadores que têm mais consciência de classe, levar essa consciência  para os demais trabalhadores, justamente para que haja condições para a luta no futuro. Um sindicato que não está junto dos seus representados para que estes possam lutar no futuro estará sempre assinando acordos rebaixados, atendendo mais aos interesses do patrão do que aos interesses do trabalhador.

Para que um sindicato avance na consciência de classe de uma categoria profissional, é necessário diálogo. E diálogo não se faz através de uma consulta online ou de uma ou duas assembleias por ano. Se faz através de troca de informações em contato direto com a categoria, ouvindo suas queixas, trazendo materiais informativos a respeito de questões pertinentes, da apresentação de contrapontos ao discurso ideológico empresarial, de estimular a criação de organizações no local de trabalho, enfim, do constante contato com os trabalhadores. Mas, para que isso aconteça, é preciso alterar a política dos atuais dirigentes sindicais.

O Infoproletários é uma organização criada por trabalhadores da área de tecnologia, majoritariamente empregados em empresas privadas, que sentem a necessidade de buscar melhores condições de trabalho para si e para seus colegas. Percebemos que os sindicatos de nossas categorias estão totalmente ausente de nossos locais de trabalho e de nossas vidas, deixando de cumprir o seu papel, e deixando um vácuo preenchido pela ideologia do patrão. Buscamos fazer todo o trabalho que eles deixam de fazer, informando e conscientizando os demais trabalhadores da nossa área para que possamos lutar em conjunto por relações de trabalho mais justas. Pretendemos pressionar os sindicatos para que atuem em favor das categorias que representam e expulsar os oportunistas das direções dos sindicatos, substituindo-os por trabalhadores conscientes.

Convidamos você para fazer parte desta luta.

O que espera o trabalhador de tecnologia demitido

O Brasil do Covid-19 é ainda mais hostil com os trabalhadores.

Nestas últimas semanas, nós do Infoproletários veiculamos algumas notícias de demissões de trabalhadores de tecnologia. Elas afetam um mercado com muitas pessoas que se formaram nos últimos anos e que precisam entrar em um mercado cada vez mais saturado.[1]

A situação se torna mais tensa na medida em que empresas de diversos países desenvolvidos também têm demitido [2] [3] [4] . Todos os novos desempregados estarão concorrendo para as vagas onde empresas ainda contratam, pois ninguém consegue manter sua casa sem receber salários com o valor pago de seguro-desemprego.

O trabalho virtual é uma constante para trabalhadores de tecnologia e deveria sim ser usado neste momento de pandemia, em que sair de casa se torna um risco de morte para si e para os outros. Mas vemos que quando a vida é de interesse do trabalhador, isso não importa.

Empresas criadas há poucos anos estão fechando vagas e demitindo funcionários. Elas são as mesmas que tiveram propagandas nas mídias as tratando como inovadoras e oásis para se trabalhar, com aquela visão falsa de um espaço mais moderno.

O local de trabalho nem importa tanto neste momento. Os atrativos, que deveriam ser estabilidade, salário, higiene e condições humanas, eram ignorados nessas empresas,  e agora fica visível que eram Marketing para atrair os mais jovens e pressionar os salários para baixo com “mimos” no lugar do necessário para suas vidas.

Burocracia

O Congresso aprovou uma lei controversa de pagamentos de 600 a 1.200 reais por pessoa que era trabalhador informal antes da crise do Covid-19. Apesar disso, existe uma lista extensa de regras para a pessoa receber o dinheiro. Poucos devem conseguir sacar o dinheiro quando, neste momento de pandemia, deveria ser algo simples para qualquer um fazer. 

Pagar para todos os cidadãos, universalmente, ajudaria a resolver o problema causado pela burocracia. Se todos podem receber, a burocracia de verificação some, e quem realmente precisa pode retirar rapidamente o dinheiro.

A inflação e empobrecimento dos trabalhadores

Já é possível ver que a falta de alguns produtos causam inflação, o preço do papel higiênico não foi noticiado mas é possível ver alguns mercados cobrando o dobro do que meses atrás.

Ao contrário do gás onde já têm notícias de preço a quase o dobro do máximo, que é de 70 reais. Já existem locais onde o preço do botijão de gás é 130 reais, o que é um problema para trabalhadores que ganham o seguro-desemprego, com teto de R$ 1.800,00 [5] [6]

Se continuar assim, a inflação corrói o salário de quem ainda recebe salário, mas as demissões não param, o trabalhador então não consegue mais ter o poder de compra que tinha anteriormente, empregado ou desempregado passará necessidades.

Os sindicatos

Numa situação de inflação, desemprego, dificuldade de moradia, onde estão os sindicatos?

Muitos deles estão acostumados a receber o imposto sindical sem sair da sede. Seus dirigentes sindicais não conseguem mobilizar greves para garantir o emprego, os dissídios da inflação nos salários e nem nada. Estão desconectados das bases e não trabalham para os funcionários das empresas que demitem em massa, e sim para eles mesmos, para manter seus cargos nos sindicatos. [7]

Nossas tarefas

Precisamos ressuscitar a organização dos trabalhadores em sindicatos autônomos, longe do Estado e dos patrões. É o que precisamos para podermos manter nossa organização e  controlar objetivamente greves e ajuda mútua, seguindo os pontos:

  1. Proibição de demissões,
  2. Correção dos salários,
  3. Garantia do isolamento social.

Se junte aos Infoproletários.

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Autor: Levy Sant’Anna

Referências:

[1]

[2]

https://www.theguardian.com/business/2020/apr/09/us-unemployment-filings-coronavirus

[3]

https://www.theguardian.com/world/2020/apr/03/coronavirus-uk-business-activity-plunges-to-lowest-ebb-since-records-began

[4]

https://www.usatoday.com/story/money/2020/04/09/coronavirus-another-6-6-m-workers-filed-jobless-claims-layoffs-surge/2974294001/

[5]

https://exame.abril.com.br/seu-dinheiro/preco-do-gas-dispara-para-ate-r-130-o-botijao-e-procon-fiscaliza/

[6]

https://g1.globo.com/economia/noticia/2020/01/16/seguro-desemprego-e-corrigido-parcelas-vao-ate-r-18-mil.ghtml

[7]


Relate anonimamente assédios morais e sexuais vividos na sua empresa

DENÚNCIA: GetNinjas demite e reduz salários seguindo Bolsonaro

A GetNinjas colocou o lucro acima da vida dos trabalhadores durante a crise do Covid-19. Para garantir seus rendimentos, a empresa seguiu as medidas provisórias de Bolsonaro para diminuir salários e demitir trabalhadores.

As medidas anunciadas em de abril de 2020 foram de demissões e redução de 25% de todos os salários. A GetNinjas, assim como Bolsonaro e sua linha econômica, defende que os trabalhadores têm que pagar com a vida para salvar a economia.

A GetNinjas é mais um empresa “startup”. Seus trabalhadores produzem e gerenciam um aplicativo para a contratação de serviços de profissionais autônomos e pequenas empresas, propiciando intermediação de contratações. Além disso, também fornece cursos e outros produtos como maquininhas de cartões. Nascida em 2011, a empresa cresceu, contratou mais, e chegou em outros países. 

Segundo o CEO da empresa, as transações feitas pelo aplicativo em 2019 ultrapassam a cifra dos 500 milhões, e seu orçamento mensal chegou na casa dos milhões. Com pouco mais de 100 trabalhadores alocados na empresa, ela ficou conhecida por propagandear um ambiente de trabalho descontraído e tecnológico. Mas esse discurso não passou de fantasia e virou pesadelo para seus trabalhadores justamente quando eles mais precisam.

Nesse momento, todo o discurso empresarial de responsabilidade social e melhores relações de trabalho revela-se pura hipocrisia. Quando precisou escolher entre manter os empregos dos trabalhadores ou garantir o lucro dos acionistas, a GetNinjas não hesitou demitir, retirar direitos e constranger seus trabalhadores.

O Infoproletários é um espaço de organização dos trabalhadores de tecnologia e um canal de solidariedade. Nesse momento é fundamental denunciar e expor as atitudes dos empresários que colocam os lucros acima da vida. Compartilhe suas dificuldades com o Infoproletários em nossa página https://facebook.com/infoproletarios, e mandem mensagens também para nosso email infoproletarios@gmail.com.

FONTES:

https://forbes.com.br/colunas/2019/11/eduardo-lhotellier-do-getninjas-seremos-a-amazon-dos-servicos/

https://www.ecommercebrasil.com.br/noticias/visitamos-a-getninjas-plataforma-de-servicos-na-palma-da-mao/

https://epocanegocios.globo.com/Empresa/noticia/2018/06/getninjas-planeja-expansao-internacional.html

DENÚNCIA: GIGANTE DA TECNOLOGIA, GYMPASS, DEMITE UM TERÇO DOS TRABALHADORES

A startup multinacional Gympass demitiu um terço dos seus trabalhadores em 3 de abril de 2020 como uma “medida necessária” para enfrentar as perdas causadas pela crise do coronavírus. 

Esse é mais um caso onde o lucro está acima da vida dos trabalhadores. Nesse caso, a lógica de funcionamento no modelo startup da Gympass, utilizando-se de contratos precários, não formais e muitos acordos individuais, fragiliza a proteção que o trabalhador poderia ter nesse momento. Certamente qualquer empresa grande deveria estar preparada para em momentos difíceis garantir os salários e os empregos dos mais de 1.200 empregados. Infelizmente, não é o caso.

A Gympass foi fundada em 2012 no já citado modelo de startup, que precariza empregos e exige jornadas intensas com a promessa de ser um grande negócio. Com esse grau de exploração, a Gympass decolou e tornou-se uma gigante da tecnologia. Hoje, ela fornece passes mensais para academias para mais de 2.000 clientes corporativos para que eles possam cofinanciar seus funcionários e incentivá-los a praticar atividades físicas. Atualmente, a empresa está em 14 países, possui 54 mil academias no mundo, sendo 23 mil no Brasil, e tem valor de mercado acima de R$1 bilhão de reais.

Nesse momento, todo o discurso empresarial de responsabilidade social e melhores relações de trabalho revela-se pura hipocrisia. Quando precisa escolher entre manter os empregos dos trabalhadores ou garantir o lucro dos acionistas, a Gympass, assim como outras empresas, não hesita em jogar os trabalhadores à própria sorte.

O Infoproletários é um espaço de organização dos trabalhadores de tecnologia e um canal de solidariedade. Nesse momento é fundamental denunciar e expor as atitudes dos empresários que colocam os lucros acima da vida. Compartilhe suas dificuldades com o Infoproletários em nossa página https://facebook.com/infoproletarios, e mandem mensagens também para nosso email infoproletarios@gmail.com.

FONTES:

https://forbes.com.br/negocios/2020/04/exclusivo-gympass-desliga-um-terco-dos-colaboradores/https://valorinveste.globo.com/objetivo/empreenda-se/noticia/2020/04/03/gympass-demite-funcionarios-em-meio-a-pandemia-de-coronavirus.ghtml

https://valorinveste.globo.com/objetivo/empreenda-se/noticia/2020/04/03/gympass-demite-funcionarios-em-meio-a-pandemia-de-coronavirus.ghtml

Garantia de Salário e Emprego na crise do COVID-19

Mesmo em meio a pandemia, o governo Bolsonaro avança contra os direitos dos trabalhadores e dos mais pobres para proteger os interesses dos empresários. Muitos destes só estão preocupados em manter a “saúde” financeira de suas empresas, mesmo que isso signifique passar por cima da saúde dos trabalhadores.

A nova MP 936 permite reduções de jornada e salário de até 70% durante a crise e força a empresa aderente a manter o funcionário empregado nesse período de redução. O governo federal tentaria dar um acréscimo de salário ao trabalhador por meio de uma porcentagem do seguro-desemprego ao qual o trabalhador teria direito se fosse demitido.

Mas a empresa pode se recusar a aderir a esse plano e pode suspender o contrato do trabalhador sem dar contrapartidas. A MP deixa como opcional a adesão a essa modalidade, então empresas ainda podem demitir seus funcionários sem justa causa. Como explica um advogado em entrevista ao G1, a MP não dá garantia sequer temporária de emprego se a empresa recusar o sistema.

A notícia veio um dia depois de ser anunciado um aumento no desemprego no Brasil, que agora afeta 12,3 milhões de trabalhadores.

Redução do salário e a enganosa complementação salarial

A Medida Provisória 936 tem por objetivo liberar os empresários para reduzir salários e suspender contratos de trabalho. A redução salarial será de 25 a 70% sem garantia que os salários serão complementados.

O que o governo chama de complementação dos salários é o pagamento de um “auxílio” tendo como base o seguro-desemprego.Isso significa que se um trabalhador tiver redução de 25%, 50% ou 70% do seu salário, ele ou ela receberá o percentual equivalente que teria direito ao seguro desemprego.

Por exemplo, um trabalhador que recebe R$1600,00 de salário, se tiver uma redução de 50% do seu salário, receberá de “auxílio” de 50% do seguro-desemprego a que teria direito, o que significa que perderá mais da metade de sua renda.

A liberação de acordos individuais e a perseguição nos locais de trabalho

A MP libera os acordos individuais para trabalhadores que recebem até três salários mínimos. E para quem recebe acima desse valor, se a redução for de até 25%, os acordos também serão individuais. Como individualmente o empregado tem pouca força contra os empresários, na prática essa medida libera a perseguição nos locais de trabalho. Bolsonaro tenta de tudo para tirar do caminho os trabalhadores organizados para que os empresários passem por cima dos empregos, salários e direitos.

No caso da suspensão dos contratos, os empresários deixam de pagar e o governo só paga o valor do seguro-desemprego ao qual o trabalhador teria direito.

Estabilidade instável

A MP destrói a mínima renda do trabalhador e sua frágil garantia de emprego: o que o governo chama de estabilidade é, na verdade, uma forma de as empresas ganharem tempo para reduzir salários e garantirem seus lucros. Se a redução salarial for de dois meses, o trabalhador deve ser mantido sob contrato nesse período, e quando retornar já poderá ser dispensado após o fim de mais dois meses. Ou seja, o trabalhador nessa situação, além de amargar dois meses sem o mínimo para garantir sua sobrevivência e de sua família, poderá ser demitido a qualquer momento depois desse prazo.

Para os trabalhadores, menos direitos; para os empresários, mais dinheiro

Ao mesmo tempo que o governo Bolsonaro retirou direitos, ele ele liberou mais créditos e recursos públicos para todas as empresas. A MP 936, além de ignorar a garantia ao devido isolamento social, permite a todas as empresas, inclusive aquelas que têm caixa suficiente para passar por esse momento mais grave da crise, em avançar na exploração.

As medidas do governo ignoram, por exemplo, a taxação das grandes fortunas. Ao invés disso, Bolsonaro e seu ministro da economia só têm criado medidas que atacam os trabalhadores e criam regras burocráticas para dificultar ao máximo a liberação dos míseros R$600,00 de auxílio emergencial para milhões que hoje estão na informalidade e desempregados, que estão sem a mínima condição de colocar comida em casa para sua família.

Pela nossa vida, vamos à luta!

Bolsonaro tenta negar a grave situação mundial em que milhares estão morrendo em consequência da Covid-19. A cada dia o governo inventa novas medidas que seguem atacando a vida dos trabalhadores, seja pela doença, seja pela fome.

Contra mais esse ataque do governo e dos empresários à vida dos trabalhadores, é fundamental ampliar a resistência e a luta mesmo numa situação tão adversa(mas necessária) de isolamento social por conta da pandemia do coronavírus.

Devemos estar junto aos trabalhadores revelando o que significa a MP 936, enfrentando todas as investidas patronais. Estas tentarão impor a chantagem travestida de acordo individual para retirar do trabalhador seus salários e, depois, seu emprego.

É PRECISO FORTALECER A LUTA POR:

– ESTABILIDADE NO EMPREGO.

– PROTEÇÃO AOS SALÁRIOS E DIREITOS DOS TRABALHADORES

– TAXAÇÃO DAS GRANDES FORTUNAS

– GARANTIA DE RENDA PARA OS DESEMPREGADOS E OS QUE ESTÃO NA INFORMALIDADE

– MEDIDAS QUE GARANTAM O DEVIDO ISOLAMENTO SOCIAL PARA CONTER A DISSEMINAÇÃO DO CORONAVÍRUS