Demissão e Layoff nas BigTechs

Texto publicado também em: https://www.marxismo.org.br/demissao-e-layoff-nas-bigtechs/

Desde o começo do ano de 2022, mas mais acentuadamente neste janeiro de 2023, algo que é considerado sazonal neste período acontece em uma quantidade muito maior agora. É a demissão de funcionários nas gigantes da tecnologia, conhecidas em inglês pelo termo “Big Tech“. A manchete do dia 25 de Janeiro no portal tele.síntese diz: “Google, Microsoft, Amazon e Meta dispensaram mais de 50 mil trabalhadores em todo o mundo nos últimos dois meses; déficit de profissionais deve facilitar recolocação no Brasil, mas a salários mais baixos“. Essa é uma manchete bastante precisa sobre o objetivo dessas demissões em grande escala.

Em 2022 as demissões do setor de tecnologia causaram a demissão de 159,1 mil trabalhadores por mais de mil empresas. Neste ano, em menos de um mês, 185 companhias mandaram embora 57,6 mil empregados, o número inclui as dispensas anunciadas por Amazon, Microsoft e Google na semana passada. Esta semana, já uma nova notícia, a IBM vai demitir mais 3,9 mil funcionários.

BigTechs
Big Five Tech companies” by Huzaifa abedeen is licensed under CC BY-SA 4.0.

As demissões assustam os trabalhadores, que ficam apreensivos se serão os próximos, pois sem seus salários têm a sua sobrevivência, e, muitas vezes, de sua família, ameaçada. Tentando buscar as causas, o trabalhador procura as causas dessa situação nas redes sociais, em jornais, livros e em conversas. Busca explicação para as demissões e quer entender se essas podem causar sua própria demissão ou afetar seu dia-a-dia no trabalho, aumentando a intensidade da carga de trabalho.

A sacra lei da oferta e demanda

Essas demissões acontecem logo após o fim das restrições impostas para dirimir a pandemia de Covid-19 na maioria dos países. Desse cenário, origina a especulação de defensores do capitalismo de que as demissões seriam naturais depois de um contexto de que as restrições de circulação caíram e por isso a demanda de serviços das empresas de tecnologia, como computação em nuvem e recursos para reuniões virtuais, caíram. E por esse motivo seria correto demitir já que a demanda pós pandemia de compras online, por exemplo, teria sido menor.

Demanda e oferta surgem sim de uma lei natural do processo de acumulação capitalista, e sim, sempre oscilam, isso é um fato. Mas a lei da oferta e da demanda não é sagrada, e só serve para garantir os lucros.

Um exemplo é que sempre que as mercadorias de todos os tipos são acessíveis aos trabalhadores, sendo elas desejáveis, assim que o trabalhador pode pagar o preço da mercadoria, ele o faz. Sendo assim, a demanda por produtos existe e está constantemente reprimida. Mas quando a mercadoria não tem como ser comprada, às vezes pelo seu preço alto, não existe como essa demanda se realizar. Assim o capitalista deve diminuir a oferta para evitar que as empresas que produzem aquela mercadoria tenham prejuízos por não conseguirem vendê-la.

Vimos que nos últimos anos as empresas chamadas de Big Techs cresceram substancialmente em valor de mercado, ou seja, em capital. Ao passo que a inflação continuou crescendo e pressionando os salários reais do trabalhador para baixo. Marx explica que quando o capital global aumenta, a fatia dos salários, ou seja, o capital variável, também aumenta, mas não da mesma forma:

“Ao aumentar o capital global, também aumenta, na verdade, seu componente variável, ou seja, a força de trabalho nele incorporada, porém em proporção cada vez menor.[…] Essa acumulação e centralização crescentes, por sua vez, convertem-se numa fonte de novas variações na composição do capital ou promovem a diminuição novamente acelerada de seu componente variável em comparação com o componente constante. Por outro lado, essa diminuição relativa de seu componente variável, acelerada pelo crescimento do capital total, e numa proporção maior que o próprio crescimento deste último, aparece, inversamente, como um aumento absoluto da população trabalhadora, aumento que é sempre mais rápido do que o do capital variável ou dos meios que este possui para ocupar aquela. A acumulação capitalista produz constantemente, e na proporção de sua energia e seu volume, uma população trabalhadora adicional relativamente excedente, isto é, excessiva para as necessidades médias de valorização do capital e, portanto, supérflua.” (O Capital – Capítulo 23 – a lei geral de acumulação de capital.)

Na verdade, o que explica essas demissões é o preço do trabalho. Sendo o trabalhador de tecnologia um trabalhador mais caro, ao passo que a acumulação de capital geral aumentou, foi necessário contratar mais trabalhadores para poder continuar a acumulação que as empresas de tecnologia fornecem para toda a cadeia industrial de praticamente toda mercadoria produzida hoje, e também para a venda de mercadorias necessárias para toda indústria. Quando os salários foram subindo por essa demanda crescente de mão de obra especializada, diminuiu a fração que fica como acúmulo de capital para os capitalistas em geral, e isso só pode ser corrigido com uma demissão em massa, de modo a elevar  a procura por emprego e pressionar os salários para baixo.

Por quê realmente os patrões demitem

Quando movimentos das maiores empresas industriais acontecem, vemos que surgem especialistas daquele ramo com respostas prontas para os fatos, geralmente comparando suas pequenas empresas com as maiores empresas do mundo. Logo após Amazon, Google e Microsoft anunciaram demissões, uma enxurrada de marqueteiros pagos por estas mesmas empresa, monetizados por anúncios pagos como no YouTube, na forma de influenciadores digitais que crescem em relevância imposta pelos algoritmos (todos programados com o intuito de obter lucro), surgiram defendendo o movimento demissional que os patrões fizeram. A justificativa é que foi feita uma aposta errada no começo da pandemia, uma contratação exagerada de funcionários durante o tempo da pandemia para suprir as necessidades dos seus clientes, e agora precisariam cortar custos pois suas projeções de receita estavam erradas.

Uma acusação de erro de projeção futura, como se todas essas empresas gigantes da tecnologia não tivessem acesso a uma série de tecnologias de acompanhamento da produção e venda de mercadorias, em um contexto de digitalização quase que total das economias onde operam. Tecnologias essas que permitem um acompanhamento online de todos os dados, e mesmo assim esses executivos cometeram essas projeções erradas

Esse argumento dominante no debate colocado sobre essas demissões serem acertadas ou não joga contra toda a classe capitalista, e lhe impõe o rótulo de que administra erroneamente a produção e distribuição de mercadorias via controle das suas empresas. Ou seja, se estes influenciadores estiverem certos, devemos expropriar o mais rápido possível todas as empresas de tecnologia, pois seus controladores capitalistas são péssimos administradores.

Quando análises como essa, bastante difundida por influenciadores digitais de tecnologia, são feitas, salta aos olhos a falta de profundidade, e como é calculado o custo do trabalhador para os capitalistas maiores. Ou seja, uma média dos salários pagos e a quantidade de trabalhadores. Resumindo, é em essência o salário do trabalhador versus o lucro, versus o trabalho não pago, a mais-valia.

É evidente que os novos desempregados pressionarão para baixo os salários dos trabalhadores empregados e é essa a causa da demissão em massa que acontece hoje no setor e que deve se espalhar por outros setores. Todos esses especialistas e influenciadores digitais que defendem a lei da oferta e da demanda como apartada de um sistema todo voltado a apenas lucrar fariam um serviço muito melhor para a humanidade se lessem o livro onde Marx analisou o capitalismo e o porquê de o capitalismo ser caótico e servir apenas para os interesses dos grandes capitalistas.

Como disse Karl Marx:

“O sobretrabalho da parte ocupada da classe trabalhadora engrossa as fileiras de sua reserva, ao mesmo tempo que, inversamente, esta última exerce, mediante sua concorrência, uma pressão aumentada sobre a primeira, forçando-a ao sobretrabalho e à submissão aos ditames do capital. A condenação de uma parte da classe trabalhadora à ociosidade forçada em razão do sobretrabalho da outra parte, e vice-versa, torna-se um meio de enriquecimento do capitalista individual, ao mesmo tempo que acelera a produção do exército industrial de reserva num grau correspondente ao progresso da acumulação social.” (O Capital – Capítulo 23 – A lei geral de acumulação de capital)

Em outro ponto do texto, Marx fala dos resultados para os trabalhadores dos ciclos industriais. Trata-se de uma exposição que todo trabalhador de tecnologia vai entender perfeitamente:

“O aumento do salário estimula um aumento mais rápido da população trabalhadora, aumento que prossegue até que o mercado de trabalho esteja supersaturado, ou seja, até que o capital se torne insuficiente em relação à oferta de trabalho. O salário diminui, e então temos o reverso da medalha. A baixa salarial dizima pouco a pouco a população trabalhadora, de modo que, em relação a ela, o capital se torna novamente superabundante, ou, como outros o explicam, a baixa salarial e a correspondente exploração redobrada do trabalhador aceleram, por sua vez, a acumulação, ao mesmo tempo que o salário baixo põe em xeque o crescimento da classe trabalhadora. Reconstitui-se, assim, a relação em que a oferta de trabalho é mais baixa do que a demanda de trabalho, o que provoca o aumento do salário, e assim por diante.” (O Capital – Capítulo 23 – A lei geral de acumulação de capital)

Os mecanismos por debaixo da oferta e demanda de trabalho servem para aumentar os rendimentos dos capitalistas ao passo que faz com que a oferta de trabalho seja independente da oferta de trabalhadores, pois faz os ocupados trabalharem mais, além de manter os salários em patamares que garantam a contínua valorização do capital.

Marx coloca que essa desvalorização do salário só pode ser barrada de uma forma organizada, uma cooperação entre empregados e desempregados. E que a defesa da lei da oferta e da demanda é apenas demagogia.

“a pressão dos desocupados obriga os ocupados a pôr mais trabalho em movimento, fazendo com que, até certo ponto, a oferta de trabalho seja independente da oferta de trabalhadores. O movimento da lei da demanda e oferta de trabalho completa, sobre essa base, o despotismo do capital. Tão logo os trabalhadores desvendam, portanto, o mistério de como é possível que, na mesma medida em que trabalham mais, produzem mais riqueza alheia, de como a força produtiva de seu trabalho pode aumentar ao mesmo tempo que sua função como meio de valorização do capital se torna cada vez mais precária para eles; tão logo descobrem que o grau de intensidade da concorrência entre eles mesmos depende inteiramente da pressão exercida pela superpopulação relativa; tão logo, portanto, procuram organizar, mediante sindicatos etc., uma cooperação planificada entre empregados e os desempregados com o objetivo de eliminar ou amenizar as consequências ruinosas que aquela lei natural da produção capitalista acarreta para sua classe, o capital e seu sicofanta, o economista político, clamam contra a violação da ‘eterna’ e, por assim dizer, ‘sagrada’ lei da oferta e demanda. Toda solidariedade entre os ocupados e os desocupados perturba, com efeito, a ação ‘livre’ daquela lei. Por outro lado, assim que, nas colônias, por exemplo, surgem circunstâncias adversas que impedem a criação do exército industrial de reserva e, com ele, a dependência absoluta da classe trabalhadora em relação à classe capitalista, o capital, juntamente com seu Sancho Pança dos lugares-comuns, rebela-se contra a lei ‘sagrada’ da oferta e demanda e tenta dominá-la por meios coercitivos.” (O Capital – Capítulo 23 – a lei geral de acumulação de capital.)

Google prova que Karl Marx estava certo!

Karl Marx estava certo!
Karl-Marx-Monument in Chemnitz” by Reinhard Höll is licensed under CC BY-SA 3.0.

Toda a validade do que está escrito sobre os salários e os trabalhadores desempregados pode ser verificado confrontando a realidade que passa à frente dos nossos olhos todos os dias.

Se Karl Marx estivesse ultrapassado, como apregoam os defensores do capitalismo, não aconteceria o que de fato aconteceu, ou seja, a realidade está concretamente o tempo todo mostrando a validade de O Capital e de todo o estudo empreendido por Marx para entender o capitalismo.

Os trabalhadores de tecnologia ficaram sabendo de um documento vazado, emitido pelos acionistas da empresa Alphabet, a empresa controladora do Google, recomendando que os trabalhadores fossem demitidos para que os salários fossem rebaixados, garantindo assim sua acumulação de mais-valia. Exatamente como Marx explicou há mais de 100 anos atrás.

BOMBA no mundo tech!

Vazaram comunicações que indicam que os layoffs nas bigtechs foram pensados visando redução da média salarial da categoria. Tudo orquestrado.

https://t.co/a64NP2GyPv pic.twitter.com/CAT9ppDMo9— vide rótulo (@viderotulo) January 24, 2023

A tarefa dos trabalhadores conscientes

Nós precisamos repetir o que a classe trabalhadora já fez no passado e deu certo, entender os métodos mais exitosos e aplicá-los hoje. Percebe-se que categorias mais combativas que no passado utilizaram métodos de luta como a greve, mobilização de massas, que o resultado foi terem mais direitos como diminuição da carga horária. Fala-se por exemplo dos bancários e do que conquistaram durante as grandes greves dos anos 1970 e 1980. Gostaria de incluir outras experiências que os trabalhadores de tecnologia talvez não conheçam profundamente para esse debate, como o Movimento das Fábricas Ocupadas, por meio do qual os trabalhadores ocuparam fábricas em diversos países para garantir os seus empregos. Há uma seção especial deste site onde pode-se conhecer mais sobre essa experiência.

Os métodos que trouxeram mais avanço na luta entre salários e capital, entre sobrevivência dos trabalhadores e lucro foram os que, baseados na teoria mais sólida, prepararam e executaram um método de organização e luta via sindicatos e organizações revolucionárias em conjunto com um partido revolucionário. Em especial um tipo de partido que planeja e executa o fim permanente da extração da mais-valia, extração que acontece em detrimento da vida de milhões de pessoas. Esse tipo de organização se propõe a expropriar toda a classe burguesa para que os trabalhadores possam controlar toda a tecnologia e a economia. Propõe que a classe produtora possa programar um futuro onde o nosso dia-a-dia não seja mais a necessidade de se preocupar com a sobrevivência e sim com o que de mais avançado poderemos fazer para melhorar a nós mesmos e aumentar a nossa liberdade de maneira concreta.

Por isso convocamos os trabalhadores de tecnologia para se organizarem na Esquerda Marxista, e também no Infoproletários, para, com a teoria e os métodos revolucionários, acabarmos com esse sistema de desespero que é o capitalismo.

Se você tiver relatos ou dúvidas entre em contato pelos nossos canais: https://infoproletarios.org/sobre/

Caso queira publicar no nosso jornal algum relato use o formulário: https://infoproletarios.org/inforelatos/

Referências:

https://www.marxists.org/portugues/marx/1867/capital/livro1/cap23/05.htm#i0504

Dia 29 estaremos nas ruas pelo #ForaBolsonaro

Nós, membros do Infoproletarios, entendemos que o governo de morte de Jair Bolsonaro precisa ter um fim o quanto antes para podermos parar esse assassinato dos trabalhadores que acontece de forma sistêmica pela atuação dessa presidência que aí está e sabotou vacinas, o lockdown (que nunca aconteceu de fato no país) e tudo que o conhecimento científico diz sobre como combater a pandemia de Covid-19.

Por isso participaremos presencialmente, e também remotamente mostrando nas redes, os protestos do dia 29 de Maio de 2021 que ocorrerão em diversas cidades do Brasil para que caia Bolsonaro, seus generais e este governo.

Startups e demissões em massa: uma história que se repete

É comum vermos nas revistas de negócios, ou mesmo em matérias jornalísticas para o público em geral, o “case de sucesso” de uma startup. Uma pequena empresa de garagem, fundada por jovens empreendedores, rapidamente passa a valer milhões, como em um passe de mágica. Os motivos do sucesso seriam a visão dos fundadores, a soluções inovadoras que fornecem aos clientes e as modernas práticas de gestão de pessoas. O ambiente da empresa, com chopeira e mesa de sinuca, era o paraíso do trabalhador. E tudo isso teria sido possível graças, não a Deus, mas aos “anjos”: investidores bilionários que acreditaram no “sonho”.

Por outro lado, vemos várias notícias de startups que recebem investimentos milionários e efetuam contratações, mas, logo em seguida, demitem em massa seus “colaboradores”. A justificativa para isso é sempre um imprevisto que deixa a empresa em dificuldades financeiras. Isto se tornou mais comum durante a pandemia de COVID-19 (como no caso da Gympass, da GetNinjas, da Stone Pagamentos e da Involves). Porém, tal situação não era inédita, como mostramos no caso da Resultados Digitais.

Trabalhadores e patrões estão no mesmo barco?

Embora os CEOs de startups que praticaram demissões em massa não cansem de escrever comoventes relatos narrando o quão doloroso é ter que demitir pessoas incríveis e que tanto contribuíram com a empresa, é evidente que o principal prejudicado nesta situação é o trabalhador.

Afinal, a diretoria da empresa continua recebendo valores acima de 20 mil reais e mantendo alto padrão de vida. Os fundos de investimento bilionários, que brincam de loteria investindo em startups, não se incomodam com alguns milhões de dólares de prejuízo.

Já os trabalhadores, que dedicaram tantas horas extras no conhecido ritmo acelerado de trabalho das startups, veem seus esforços serem recompensados com o desemprego. Por mais preparados que estes profissionais estejam, procurar emprego é sempre uma incerteza, ainda mais em um mercado cada vez mais saturado de profissionais qualificados.

A narrativa empresarial sobre este tipo de demissão em massa é a do líder que, frente a uma fatalidade, deve tomar uma decisão difícil. Relatos repletos de sentimentalismo descrevem as várias políticas de redução de danos aplicadas pela empresa antes das demissões, mas que não surtiram efeito, restando apenas os desligamentos em massa como alternativa.

Tais relatos costumam ser bem recebidos, com CEOs e “líderes” sendo elogiados pela transparência e humanidade ao lidar com a situação. Mas será que as demissões em massa seriam realmente uma tragédia inevitável?

O mito do fatalismo das demissões

De fato, é muito difícil prever quando uma empresa irá passar por dificuldades. Afinal, o mercado é imprevisível e assolado por crises cíclicas. O cancelamento de um contrato de um cliente importante, a chegada de um novo player no mercado, o estouro de uma bolha financeira nos Estados Unidos, o surto de uma doença incurável ou qualquer outro fenômeno pode causar oscilações de mercado que prejudicam a saúde financeira de uma empresa.

Entretanto, é possível que empresas adotem medidas para manter empregos em tempos difíceis. Por exemplo, uma startup poderia guardar no caixa uma parte dos aportes financeiros milionários que recebe, usando-o para evitar demissões. Porém, não é isto o que acontece, já que os investidores querem que os milhões que injetaram na empresa se tornem bilhões. Empresas existem para dar lucro a seus donos, e, por isso, o auxílio aos trabalhadores fica sempre em segundo plano.

E se, individualmente, as startups agem com descaso ao trabalhador, coletivamente é ainda pior, de modo que o setor empresarial exige dos governos medidas que protejam seus lucros fazendo o trabalhador pagar pela crise.

Isso ficou evidente no período da pandemia do COVID-19, no qual empresas e organizações empresariais brasileiras, ao invés de defenderem políticas de Estado que visassem a preservação do emprego, do salário e da saúde do trabalhador, pressionaram os governos não só para a reabertura do comércio (ignorando as recomendações de organizações de saúde) como também para a aprovação de leis que permitissem redução salarial e de direitos durante a pandemia, como a Medida Provisória 936 de 2020.

Precisamos defender nossos empregos!

Os trabalhadores em startups não podem mais aceitar que seus empregos fiquem à mercê das intempéries do mercado e da boa vontade dos CEOs. Se é verdade que acionistas, CEOs e trabalhadores “estão no mesmo barco” em situações de crise, então não é justo que o trabalhador perca o emprego enquanto os empresários continuam ricos.

É necessário exigir das empresas e do Estado que adotem políticas que preservem empregos, salários e direitos nos momentos em que as empresas passam por dificuldades financeiras. Categorias com tradição de organização sindical, como os metalúrgicos, organizam greves e manifestações ao primeiro sinal de demissão em massa, e conseguem assim manter seus postos de trabalho. Nós, trabalhadores da área de tecnologia, podemos fazer o mesmo, e o Infoproletários se coloca à disposição para ajudar nesta luta.

Rotatividade no Setor de Tecnologia: uma forma de reduzir salários

A rotatividade da força de trabalho é um dos dados importantes para o mercado de trabalho. Ao se atentar para o ritmo de contratação e demissão realizadas pelos empresários, a análise da rotatividade revela a dinâmica da vida do trabalhador. O setor de tecnologia da informação tem uma das mais altas taxa de rotatividade em comparação com outros setores. Isso significa que o trabalhador da área de tecnologia está constantemente vivenciando novos processos de seleção e contratação, nova equipe, novo salários e atividades.

Há varias razões para que isso ocorra. As mais destacadas pelos empresários estão relacionadas as particularidades do setor: uma força de trabalho jovem que está constantemente em busca de novas experiências; a velocidade das mudanças das tecnologias e a necessidade de encontrar novas equipes que dão conta dessas inovações; o ritmo acelerado dos projetos que levam a desgastes da força de trabalho e necessidade de demissões e recontratações.

Certamente, todos esses fatores contam para o setor de tecnologia bater recordes de rotatividade. No entanto, há um fator fundamental que os empresários não falam: o uso da rotatividade como uma  forma sistemática de reduzir salários. Isto é, demitir uma equipe inteira que passou a receber salários maiores, e contratar uma nova equipe com salários menores. Esse é o fator determinante para a alta rotatividade do setor.

A experiência de vida dos trabalhadores de T.I. revela esse processo. Basta conversar com os colegas de trabalho sobre as experiências de chegar numa nova equipe recebendo menos que os trabalhadores que foram demitidos e ter que fazer o mesmo serviço ou mais ainda. As novas contratações vem sempre cercadas de maior pressão para fazer mais com menos trabalhadores, recebendo menos salários.

Em estudo bastante preciso sobre a rotatividade dos trabalhadores no Brasil, o DIEESE, revela esse mecanismo dos empresários: “É expressiva, neste sentido, a constatação da perda salarial, seja em caso de retorno para o mesmo setor, ou seja para outro segmento

da atividade econômica, em todos os anos analisados no estudo, considerando os

trabalhadores desligados sem justa causa, motivo de desligamento tipicamente patronal e quantitativamente o principal tipo de desligamento praticado no “ajuste da mão de obra” no mercado de trabalho do Brasil, responsável por mais de 50,0% dos desligamentos no período analisado.”


 Recentemente o setor de tecnologia viveu uma leva de demissões em massa e retirada de direitos dos trabalhadores, sobretudo de empresas multinacionais. O Inforproletários denunciou essas medidas em diversas empresas, como a GetNinjas, Stone, GymPass, entre outras. Para o trabalhador ficou claro que o lucro das empresas foi colocado acima de sua vida e a vida de seus familiares. Sobretudo no contexto da pandemia do COVID-19.

Passado essas demissões e retiradas de direitos, hoje essas mesmas empresas anunciam que estão em fase de expansão e contratando. O mecanismo perverso da rotatividade não para mesmo na pandemia, apenas confirmando que para os empresários a vida do trabalhador é apenas um número no seu cálculo incessante para a busco de mais lucros.
 

Mais uma vez, todo o discurso empresarial de responsabilidade social e melhores relações de trabalho revela-se pura hipocrisia. Quando precisa escolher entre manter os empregos dos trabalhadores ou garantir o lucro dos acionistas, as empresas não hesitam em jogar os trabalhadores à própria sorte.O Infoproletários é um espaço de organização dos trabalhadores de tecnologia e um canal de solidariedade. Nesse momento é fundamental denunciar e expor as atitudes dos empresários que colocam os lucros acima da vida. Compartilhe suas dificuldades com o Infoproletários em nossa página https://facebook.com/infoproletarios, e mandem mensagens também para nosso email infoproletarios@gmail.com.

LIVE: Pandemia e Trabalhadores de TI

QUANDO:
Quarta-feira, 20/05 das 19:30 às 20:30

O Infoproletários convida a todos para refletir sobre a pandemia e os trabalhadores de tecnologia.
Qual a gravidade e intensidade da pandemia? Quais seus efeitos econômicos e sociais? Como isso afeta os trabalhadores, em especial, no setor de tecnologia?

Já estamos vivendo demissões em massa, aumento da carga de trabalho para quem fica, precarização dos salários e benefícios, perda de direitos trabalhistas, homeoffice generalizado, entre tantos. Como podemos nos organizar nesse momento e lutar por nossos direitos, nossa vida e a vida de nossos familiares?

Marque a data na agenda, prepare um lugar aconchegante para assistir e compartilhe com os conhecidos.

Juntos nós somos mais fortes!

O que os sindicatos estão fazendo para ajudar o trabalhador de tecnologia em tempos de coronavírus?

Durante os últimos 2 meses, o Infoproletários vêm denunciando as medidas que governo e empresas adotam para, durante a crise do coronavírus, manter a saúde financeira das empresas às custas da saúde e dos direitos do trabalhador. Exemplo disto é a Medida Provisória 936 (MP 936), criada por Bolsonaro, que, conforme comentamos em postagem anterior, permite a redução de salários durante a pandemia.

Diante disso, gostaríamos de chamar atenção para o papel negativo que alguns sindicatos que representam trabalhadores da área de tecnologia vêm exercendo frente aos ataques que sofrem seus representados. O Sindicato dos Publicitários de São Paulo, por exemplo, que representa profissionais como UX Designers que trabalham em agências de publicidade, assinou um acordo com os patrões onde, sob a justificativa de “evitar desemprego”, abre mão do reajuste salarial anual dos trabalhadores, além de validar todos os ataques presentes nas MPs 927 e 936 de Bolsonaro. Já o Sindicato de Processamento de Dados de Santa Catarina, que representa quem trabalha em empresas de software, sob a justificativa da “manutenção de postos de trabalho”, propôs à seus representados um acordo que, além de estender os ataques da MP 936 aos trabalhadores das faixas salariais não abrangidas pela medida, ainda permite que as empresas parcelem o pagamento de verbas rescisórias devidas ao trabalhador quando este é demitido, ou seja, facilita as demissões ao invés de preveni-las, sendo que o trabalhador que vai ficar sem renda por causa da demissão ainda terá que esperar para receber as verbas rescisórias, o seu dinheiro. Em outras categorias profissionais, a situação chegou ao ponto de chamar atenção do Ministério Público do Trabalho, que conseguiu uma liminar contra vários sindicatos que haviam assinado acordos que retiravam direitos trabalhistas sem ao menos consultar seus representados.

Ao analisar os acordos propostos e as explicações apresentadas por tais sindicatos, percebe-se que eles aderem ao discurso empresarial de que a única forma de salvar as empresas e, portanto, os empregos, seria sangrando os trabalhadores. Aos sindicatos, então, restaria apresentar aos seus representados o mesmo dilema cruel que lhes apresentam os patrões: ou aceitam a perda de direitos, ou perderão seus empregos.

Mas, por que há sindicatos que adotam esta postura? Será que sacrificar o trabalhador seria a única saída para a crise? É o que veremos a seguir.

Quais alternativas o trabalhador têm frente à crise do coronavírus?

A crise do coronavírus, do ponto de vista econômico, é semelhante às outras crises que afligem o mercado de tempos em tempos, no sentido de que desestimulam os empresários a investir. Em tais situações, assim como agora, o empresariado é rápido em reagir à crise demitindo e cortando salários. Porém, há outras saídas a serem consideradas.

Uma alternativa é o próprio Estado, que hoje é sustentado pelos impostos dos produtos consumidos pelos trabalhadores, defender os empregos durante a crise, seja via incentivos fiscais, oferecendo crédito às empresas ou mesmo arcando com custos da folha de pagamento. A nacionalização de empresas para que estas cumpram sua função social e mantenham os empregos também não estão descartadas, como fez o governo dos EUA com a GM e a Chrysler quando estas estavam falindo. O Brasil têm recursos para adotar tais medidas, principalmente se considerarmos a possibilidade da taxação de grandes fortunas (afinal, porque os pobres teriam que pagar pela crise dos ricos?) e também o fim do desvio de dinheiro para pagamento da ilegal Dívida Pública, que, em 2019, abocanhou quase 40% do orçamento da União.

Outra alternativa seria o controle dos trabalhadores sobre a empresa, como fizeram os trabalhadores da empresa Flaskô em Sumaré, que ocuparam as fábricas da empresa quando esta estava à beira da falência e continuam tocando a empresa até hoje de forma autogerida, mantendo os empregos e a renda dos envolvidos no processo.

É papel dos sindicatos lutar por essas pautas?

Muitos poderiam argumentar que tais saídas para a crise, onde aparecem exigências ao Estado, estão fora da alçada dos sindicatos. Nada mais falso. Afinal, o movimento sindical desde sua origem entende que, para melhorar a vida do trabalhador, a luta contra os patrões deve estar em conjunto com a luta contra o Estado. A origem dos sindicatos, que nascem entre os operários ingleses do séc. XIX, se confunde com o surgimento do movimento cartista, que consistia em uma lista de exigências do povo (como sufrágio universal e fim do trabalho infantil) ao parlamento inglês.

Além disso, a única força social que teria poder para pressionar os políticos, em sua maioria servis aos empresários, a adotarem medidas a favor dos trabalhadores seria a força dos próprios trabalhadores organizados. Recentemente na história do país, tivemos um pequeno vislumbre deste poder durante a paralisação dos caminhoneiros, que obrigou o governo Temer a mudar algumas de suas políticas. Mas a real força da classe trabalhadora em movimento, o Brasil pôde ver em momentos anteriores da história, como nas greves dos metalúrgicos do ABC paulista na década de 80, que se alastraram país afora e culminaram no fim da ditadura militar e de sua política de arrochos, ou então na Greve Geral de 1917, que conquistou direitos para o trabalhador brasileiro que perduram até hoje. Uma categoria de trabalhadores importante como a dos trabalhadores da área de tecnologia, capaz de parar tudo, tanto a produção quanto serviços importantes, têm um grande potencial para mudar os rumos do país se for à luta

É possível lutar por essas pautas no presente momento?

Sabemos que, entre os trabalhadores da área de tecnologia do país, especialmente entre os que trabalham em empresas privadas, prevalece a velha ideologia da direita de que é possível prosperar cooperando com a empresa e sendo um trabalhador competente, de modo que poucos consideram a possibilidade de se organizarem enquanto trabalhadores para fazer frente ao avanço dos patrões sobre os direitos trabalhistas. Muitos sequer enxergam estes ataques das empresas como ataques. Entre estes trabalhadores, não haveria sequer disposição para se filiar em sindicatos ou para fazer greve, quanto mais para aderir a um movimento mais amplo por direitos ou uma ocupação de fábrica.

Hoje, isto pode ser verdade. Mas não precisará continuar sendo verdade amanhã. Enquanto o trabalhador ainda não têm forças para resistir à perda de direitos que lhes é imposta, a melhor alternativa pode ser a de assinar um acordo “menos pior”, onde se percam poucos direitos. Entretanto, é dever do sindicato, que (supostamente) é composto pelos trabalhadores que têm mais consciência de classe, levar essa consciência  para os demais trabalhadores, justamente para que haja condições para a luta no futuro. Um sindicato que não está junto dos seus representados para que estes possam lutar no futuro estará sempre assinando acordos rebaixados, atendendo mais aos interesses do patrão do que aos interesses do trabalhador.

Para que um sindicato avance na consciência de classe de uma categoria profissional, é necessário diálogo. E diálogo não se faz através de uma consulta online ou de uma ou duas assembleias por ano. Se faz através de troca de informações em contato direto com a categoria, ouvindo suas queixas, trazendo materiais informativos a respeito de questões pertinentes, da apresentação de contrapontos ao discurso ideológico empresarial, de estimular a criação de organizações no local de trabalho, enfim, do constante contato com os trabalhadores. Mas, para que isso aconteça, é preciso alterar a política dos atuais dirigentes sindicais.

O Infoproletários é uma organização criada por trabalhadores da área de tecnologia, majoritariamente empregados em empresas privadas, que sentem a necessidade de buscar melhores condições de trabalho para si e para seus colegas. Percebemos que os sindicatos de nossas categorias estão totalmente ausente de nossos locais de trabalho e de nossas vidas, deixando de cumprir o seu papel, e deixando um vácuo preenchido pela ideologia do patrão. Buscamos fazer todo o trabalho que eles deixam de fazer, informando e conscientizando os demais trabalhadores da nossa área para que possamos lutar em conjunto por relações de trabalho mais justas. Pretendemos pressionar os sindicatos para que atuem em favor das categorias que representam e expulsar os oportunistas das direções dos sindicatos, substituindo-os por trabalhadores conscientes.

Convidamos você para fazer parte desta luta.

O que espera o trabalhador de tecnologia demitido

O Brasil do Covid-19 é ainda mais hostil com os trabalhadores.

Nestas últimas semanas, nós do Infoproletários veiculamos algumas notícias de demissões de trabalhadores de tecnologia. Elas afetam um mercado com muitas pessoas que se formaram nos últimos anos e que precisam entrar em um mercado cada vez mais saturado.[1]

A situação se torna mais tensa na medida em que empresas de diversos países desenvolvidos também têm demitido [2] [3] [4] . Todos os novos desempregados estarão concorrendo para as vagas onde empresas ainda contratam, pois ninguém consegue manter sua casa sem receber salários com o valor pago de seguro-desemprego.

O trabalho virtual é uma constante para trabalhadores de tecnologia e deveria sim ser usado neste momento de pandemia, em que sair de casa se torna um risco de morte para si e para os outros. Mas vemos que quando a vida é de interesse do trabalhador, isso não importa.

Empresas criadas há poucos anos estão fechando vagas e demitindo funcionários. Elas são as mesmas que tiveram propagandas nas mídias as tratando como inovadoras e oásis para se trabalhar, com aquela visão falsa de um espaço mais moderno.

O local de trabalho nem importa tanto neste momento. Os atrativos, que deveriam ser estabilidade, salário, higiene e condições humanas, eram ignorados nessas empresas,  e agora fica visível que eram Marketing para atrair os mais jovens e pressionar os salários para baixo com “mimos” no lugar do necessário para suas vidas.

Burocracia

O Congresso aprovou uma lei controversa de pagamentos de 600 a 1.200 reais por pessoa que era trabalhador informal antes da crise do Covid-19. Apesar disso, existe uma lista extensa de regras para a pessoa receber o dinheiro. Poucos devem conseguir sacar o dinheiro quando, neste momento de pandemia, deveria ser algo simples para qualquer um fazer. 

Pagar para todos os cidadãos, universalmente, ajudaria a resolver o problema causado pela burocracia. Se todos podem receber, a burocracia de verificação some, e quem realmente precisa pode retirar rapidamente o dinheiro.

A inflação e empobrecimento dos trabalhadores

Já é possível ver que a falta de alguns produtos causam inflação, o preço do papel higiênico não foi noticiado mas é possível ver alguns mercados cobrando o dobro do que meses atrás.

Ao contrário do gás onde já têm notícias de preço a quase o dobro do máximo, que é de 70 reais. Já existem locais onde o preço do botijão de gás é 130 reais, o que é um problema para trabalhadores que ganham o seguro-desemprego, com teto de R$ 1.800,00 [5] [6]

Se continuar assim, a inflação corrói o salário de quem ainda recebe salário, mas as demissões não param, o trabalhador então não consegue mais ter o poder de compra que tinha anteriormente, empregado ou desempregado passará necessidades.

Os sindicatos

Numa situação de inflação, desemprego, dificuldade de moradia, onde estão os sindicatos?

Muitos deles estão acostumados a receber o imposto sindical sem sair da sede. Seus dirigentes sindicais não conseguem mobilizar greves para garantir o emprego, os dissídios da inflação nos salários e nem nada. Estão desconectados das bases e não trabalham para os funcionários das empresas que demitem em massa, e sim para eles mesmos, para manter seus cargos nos sindicatos. [7]

Nossas tarefas

Precisamos ressuscitar a organização dos trabalhadores em sindicatos autônomos, longe do Estado e dos patrões. É o que precisamos para podermos manter nossa organização e  controlar objetivamente greves e ajuda mútua, seguindo os pontos:

  1. Proibição de demissões,
  2. Correção dos salários,
  3. Garantia do isolamento social.

Se junte aos Infoproletários.

O Infoproletários é um espaço de organização dos trabalhadores de tecnologia e um canal de solidariedade. Nesse momento é fundamental denunciar e expor as atitudes dos empresários que colocam os lucros acima da vida. Compartilhe suas dificuldades com o Infoproletários em nossa página https://facebook.com/infoproletarios , e mandem mensagens também para nosso email infoproletarios@gmail.com.
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Autor: Levy Sant’Anna

Referências:

[1]

[2]

https://www.theguardian.com/business/2020/apr/09/us-unemployment-filings-coronavirus

[3]

https://www.theguardian.com/world/2020/apr/03/coronavirus-uk-business-activity-plunges-to-lowest-ebb-since-records-began

[4]

https://www.usatoday.com/story/money/2020/04/09/coronavirus-another-6-6-m-workers-filed-jobless-claims-layoffs-surge/2974294001/

[5]

https://exame.abril.com.br/seu-dinheiro/preco-do-gas-dispara-para-ate-r-130-o-botijao-e-procon-fiscaliza/

[6]

https://g1.globo.com/economia/noticia/2020/01/16/seguro-desemprego-e-corrigido-parcelas-vao-ate-r-18-mil.ghtml

[7]


Relate anonimamente assédios morais e sexuais vividos na sua empresa

Garantia de Salário e Emprego na crise do COVID-19

Mesmo em meio a pandemia, o governo Bolsonaro avança contra os direitos dos trabalhadores e dos mais pobres para proteger os interesses dos empresários. Muitos destes só estão preocupados em manter a “saúde” financeira de suas empresas, mesmo que isso signifique passar por cima da saúde dos trabalhadores.

A nova MP 936 permite reduções de jornada e salário de até 70% durante a crise e força a empresa aderente a manter o funcionário empregado nesse período de redução. O governo federal tentaria dar um acréscimo de salário ao trabalhador por meio de uma porcentagem do seguro-desemprego ao qual o trabalhador teria direito se fosse demitido.

Mas a empresa pode se recusar a aderir a esse plano e pode suspender o contrato do trabalhador sem dar contrapartidas. A MP deixa como opcional a adesão a essa modalidade, então empresas ainda podem demitir seus funcionários sem justa causa. Como explica um advogado em entrevista ao G1, a MP não dá garantia sequer temporária de emprego se a empresa recusar o sistema.

A notícia veio um dia depois de ser anunciado um aumento no desemprego no Brasil, que agora afeta 12,3 milhões de trabalhadores.

Redução do salário e a enganosa complementação salarial

A Medida Provisória 936 tem por objetivo liberar os empresários para reduzir salários e suspender contratos de trabalho. A redução salarial será de 25 a 70% sem garantia que os salários serão complementados.

O que o governo chama de complementação dos salários é o pagamento de um “auxílio” tendo como base o seguro-desemprego.Isso significa que se um trabalhador tiver redução de 25%, 50% ou 70% do seu salário, ele ou ela receberá o percentual equivalente que teria direito ao seguro desemprego.

Por exemplo, um trabalhador que recebe R$1600,00 de salário, se tiver uma redução de 50% do seu salário, receberá de “auxílio” de 50% do seguro-desemprego a que teria direito, o que significa que perderá mais da metade de sua renda.

A liberação de acordos individuais e a perseguição nos locais de trabalho

A MP libera os acordos individuais para trabalhadores que recebem até três salários mínimos. E para quem recebe acima desse valor, se a redução for de até 25%, os acordos também serão individuais. Como individualmente o empregado tem pouca força contra os empresários, na prática essa medida libera a perseguição nos locais de trabalho. Bolsonaro tenta de tudo para tirar do caminho os trabalhadores organizados para que os empresários passem por cima dos empregos, salários e direitos.

No caso da suspensão dos contratos, os empresários deixam de pagar e o governo só paga o valor do seguro-desemprego ao qual o trabalhador teria direito.

Estabilidade instável

A MP destrói a mínima renda do trabalhador e sua frágil garantia de emprego: o que o governo chama de estabilidade é, na verdade, uma forma de as empresas ganharem tempo para reduzir salários e garantirem seus lucros. Se a redução salarial for de dois meses, o trabalhador deve ser mantido sob contrato nesse período, e quando retornar já poderá ser dispensado após o fim de mais dois meses. Ou seja, o trabalhador nessa situação, além de amargar dois meses sem o mínimo para garantir sua sobrevivência e de sua família, poderá ser demitido a qualquer momento depois desse prazo.

Para os trabalhadores, menos direitos; para os empresários, mais dinheiro

Ao mesmo tempo que o governo Bolsonaro retirou direitos, ele ele liberou mais créditos e recursos públicos para todas as empresas. A MP 936, além de ignorar a garantia ao devido isolamento social, permite a todas as empresas, inclusive aquelas que têm caixa suficiente para passar por esse momento mais grave da crise, em avançar na exploração.

As medidas do governo ignoram, por exemplo, a taxação das grandes fortunas. Ao invés disso, Bolsonaro e seu ministro da economia só têm criado medidas que atacam os trabalhadores e criam regras burocráticas para dificultar ao máximo a liberação dos míseros R$600,00 de auxílio emergencial para milhões que hoje estão na informalidade e desempregados, que estão sem a mínima condição de colocar comida em casa para sua família.

Pela nossa vida, vamos à luta!

Bolsonaro tenta negar a grave situação mundial em que milhares estão morrendo em consequência da Covid-19. A cada dia o governo inventa novas medidas que seguem atacando a vida dos trabalhadores, seja pela doença, seja pela fome.

Contra mais esse ataque do governo e dos empresários à vida dos trabalhadores, é fundamental ampliar a resistência e a luta mesmo numa situação tão adversa(mas necessária) de isolamento social por conta da pandemia do coronavírus.

Devemos estar junto aos trabalhadores revelando o que significa a MP 936, enfrentando todas as investidas patronais. Estas tentarão impor a chantagem travestida de acordo individual para retirar do trabalhador seus salários e, depois, seu emprego.

É PRECISO FORTALECER A LUTA POR:

– ESTABILIDADE NO EMPREGO.

– PROTEÇÃO AOS SALÁRIOS E DIREITOS DOS TRABALHADORES

– TAXAÇÃO DAS GRANDES FORTUNAS

– GARANTIA DE RENDA PARA OS DESEMPREGADOS E OS QUE ESTÃO NA INFORMALIDADE

– MEDIDAS QUE GARANTAM O DEVIDO ISOLAMENTO SOCIAL PARA CONTER A DISSEMINAÇÃO DO CORONAVÍRUS

Coronavírus no Brasil: quando o lucro vale mais do que a vida

Bolsonaro e empresários de T.I. defendem fim do isolamento antes mesmo do pico de transmissão da doença e colocam milhões de vidas em risco.

Os efeitos do pronunciamento macabro de Bolsonaro em 25 de março de 2020 sobre o Covid-19 começaram a surtir efeitos poucos dias depois. Algumas peças começam se encaixar: para o capital, o lucro é mais importante do que a vida. Para os empresários, a vida dos trabalhadores tem menos valor do que cifras maiores em suas contas bancárias.

Alguns governadores coroaram o movimento seguindo o posicionamento do presidente da república contra a quarentena no país e sinalizaram afrouxar o distanciamento social em seus estados. Na mesma lógica, empresários se posicionam a favor da flexibilização do confinamento. 

Essas medidas de flexibilização falharam em outros países, como nos Estados Unidos, que agora já é disparado o país com mais casos do Covid-19. Até mesmo o ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta, sinalizou uma possível flexibilização da quarentena em estados onde a doença ainda não chegou nos níveis de São Paulo ou Rio de Janeiro. E é essa sinalização que pode fazer estes outros estados  alcançarem a mesma desgraça de SP e RJ.

O confinamento em massa se mostrou extremamente eficaz no controle do que poderia ser uma catástrofe sem precedentes em outros países. Isso foi provado até onde o vírus já caminhava a passos largos e causava  mortes em grande escala. A China é o maior exemplo. O país conseguiu controlar e até zerar por dias a transmissão local da doença.

Agora que tudo começa a se encaixar no Brasil, podemos tirar uma grande conclusão. Os políticos estão sendo pressionados por quem manda no Brasil (os empresários) a colocar o lucro acima da vida dos trabalhadores. Para essa classe, o lucro é mais importante do que a vida dos parentes, amigos, companheiros dos trabalhadores e, é claro, mais importante do que a vida destes. Ouvimos declarações descaradamente genocidas vindas de grandes empresários brasileiros,  que são discursos que apoiam todo esse cenário de morte. Essas declarações com certeza representam mais empresários, , mas só alguns tiveram coragem de se expor. 

Os empresários do setor de TI, nossos patrões, também fazem parte do grupo de empresários que pressiona governos a afrouxar a quarentena. Em Santa Catarina, por exemplo, a Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (ACATE), foi uma das entidades que assinou a carta enviada ao governador do Estado, Carlos Moisés, cobrando “imediatamente o planejamento da retomada da atividade econômica”.

O cenário de desgraça começa escancarar o que já sabemos: perder lucro é incabível para os empresários. Afinal, o que são “5 ou 7 mil mortes” diante de uma economia enfraquecida?

Nós, trabalhadores, juntos somos mais fortes e podemos vencer essa crise! Devemos repudiar e denunciar abusos por parte dos patrões e impedir que pensem que nossas vidas valem menos do que o lucro deles.

O Infoproletários deixa um canal aberto a ouvir a sua denúncia nesse momento tão difícil que passamos. Entre em contato e denuncie abusos da empresa que quer que você trabalhe mesmo em condições de risco para a sua vida: infoproletarios@gmail.com.

Fontes: https://veja.abril.com.br/politica/em-reuniao-com-secretarios-mandetta-sinaliza-flexibilizacao-de-quarentena/

Bolsonaro propaga a morte para garantir o lucro dos empresários

Bolsonaro propaga a morte de nossos familiares e quer que trabalhadores entreguem suas vidas para garantir o lucro dos empresários.

O presidente Bolsonaro continua seu plano de acabar com os trabalhadores e aposentados, agora com requintes de genocídio. O lucro é a justificativa para que não se tome as medidas necessárias contra com Covid-19 que evitariam que essa pandemia afetasse toda a população.

Todas as informações que temos de cientistas e órgãos de saúde internacionais sobre a doença foram tratadas como mentiras pelo presidente em seu pronunciamento de 24 de março de 2020. Ele age como se soubesse mais do que todos o que é esse vírus que apareceu há poucos meses e tem matado milhares de pessoas por dia, como as centenas na Itália e Espanha.

Como trabalhadores, precisamos nos defender sem esperar algo deste governo que privilegia lucros. A posição de Jair Bolsonaro vai contra o que todos os países estão fazendo, vai contra os governadores de todos estados, contra as orientações de seu próprio Ministro da Saúde e contra os trabalhadores. Bolsonaro defende a morte para manter o lucro.

Devemos estar cada vez mais juntos dos nossos, em constante diálogo com nossos parentes, colegas de trabalho e vizinhos, explicando com dados concretos o que está em jogo nesse momento: nossas vidas. Devemos nos defender e defender nossos parentes e colegas em situações mais vulneráveis, nos preparando para tempos cada vez mais difíceis.

Nossa organização e disciplina de ficar em casa são necessidades que devemos cumprir. Também precisamos Lutar para que os locais de trabalho que não são essenciais nesse momento coloquem os trabalhadores em quarentena com salários e direitos garantidos.

Recomendamos também que os trabalhadores compartilhem suas dificuldades com o Infoproletários em nossa página que também é um canal de solidariedade. Mandem mensagens também para nosso email infoproletarios@gmail.com.

Para se informar com mais precisão sobre o que está em jogo, recomendamos os vídeos e o canal do Átila Iamarindo (https://t.me/corona_atila), um cientista que estuda o tema.

Muitos países mostram o caminho que deveríamos seguir. A Espanha, por exemplo, estatizou todo o sistema de saúde. Mesmo aqui dentro vemos medidas nesse sentido, como o confisco de equipamentos médicos de empresas privadas para equipar o SUS. (https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2020/03/ampliacao-de-ventiladores-e-prioridade-e-gera-confisco.shtml)

Para além de se revoltar, é hora de se organizar e se colocar contra esse governo genocida. A vida dos trabalhadores sempre estará acima do lucro. Essa é nossa luta.